
Essa economia, aliada às chuvas
que ocorreram na última semana, além da gestão da vazão de água que sai da
represa de Rio Bonito, tornou possível aumentar o volume deste reservatório,
que no início do racionamento estava com 22%, para 25% da sua capacidade. Desde
o início da pior crise hídrica que já atingiu o Espírito Santo, a represa
passou a ser operada também como reservatório de água do rio Santa Maria da
Vitória, por meio de um Protocolo de Entendimentos entre EDP, Agência Estadual
de Recursos Hídricos (Agerh), Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema),
Comitê de Bacia Hidrográfica do Santa Maria da Vitória.
Segundo o diretor de Engenharia e
Meio Ambiente, Amadeu Wetler, durante essa última semana, a vazão de água no
rio Santa Maria foi suficiente para manter o fornecimento de água para a população,
mas também já foi iniciada a estratégia de reservação para o período seco de
2017. “Conseguimos sair de uma situação em que o nível da represa tinha se
estabilizado para um pequeno mas importante aumento da reserva de água”,
explicou Amadeu Wetler.
No rio Jucu, a vazão do manancial
continua acima da necessidade da população, o que permite manter suspenso o
racionamento de água da região.
O diretor acrescentou ainda que o
uso racional da água deve se tornar um hábito contínuo da população e todos os
setores da economia. “Toda atitude para economizar é importante e válida. É uma
nova relação de valor que estamos construindo com a água”, disse.
Racionamento
O rodízio no abastecimento de
água para a Grande Vitória foi implantado pela Cesan (Companhia Espírito
Santense de Saneamento) no dia 22 de setembro, após autorização da Agência de
Regulação dos Serviços Públicos do Espírito Santo (Arsp) e da Agência Estadual
de Recursos Hídricos (Agerh). Essa estratégia alcançou 416 bairros nos
municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana e Fundão, abrangendo
uma população de mais de 1,7 milhão de habitantes, totalizando 566.807 unidades
consumidoras entre residências, comércio e serviços, indústria e setor público.
O plano de contingência para
operar o rodízio foi elaborado pela Cesan de forma que o abastecimento ocorra
de forma isonômica para todos. Para reduzir os impactos a Cesan promoveu ainda
ampla divulgação para a população ter acesso antecipado às informações sobre
racionamento e programar suas atividades para o dia de interrupção no
abastecimento.
O sistema de atendimento ao
cliente pelo telefone 115 também ganhou reforço para atender à população. Um
menu especial foi criado na unidade automática de atendimento para que os
clientes pudessem conhecer os bairros que estariam sob racionamento no dia. O
número de chamadas recebidas pelo sistema de atendimento ao cliente da Cesan passou
de 1.400 para 2.717 por dia. O serviço funciona 24 horas e a chamada é gratuita
de qualquer telefone.
Operação
O rodízio no abastecimento de
água para a Grande Vitória foi implantado nos municípios de Vitória, Vila
Velha, Cariacica, Serra, Viana e para a localidade de Praia Grande, em Fundão.
Os bairros foram agrupados em sete regiões distintas e a cada dia da semana uma
região tem o fornecimento de água suspenso por um prazo de 24 horas, sempre a
partir das 12 horas. Passadas as 24 horas de interrupção, o sistema pode
retornar ao normal em até 24 horas.
No último dia sete de outubro, o
rodízio foi suspenso nos bairros atendidos pelo sistema de abastecimento do rio
Jucu e o fornecimento ficou normalizado para 1,1 milhão de habitantes de 373
mil unidades consumidoras.
A Cesan vem alertando a população
sobre a gravidade da situação e solicitando a redução do consumo em decorrência
do risco de piora da situação do abastecimento na Grande Vitória. Foram feitos
alertas à sociedade em abril, maio (anúncio da situação de emergência), agosto
e em setembro de 2016. A sociedade atendeu ao chamado e diminuiu o consumo,
porém, ainda não foi suficiente e foi necessário implantar o rodízio no
abastecimento da Grande Vitória.
Interior
Os locais que mais sofrem com os
efeitos da estiagem são as regiões norte e noroeste do Espírito Santo. No
interior são 11 localidades abastecidas pela Cesan que estão sob racionamento
de água. Além do acesso ao mesmo sistema de informação implantado para
moradores da Grande Vitória, a Cesan também fez a divulgação nesses locais por
meio de carros de som que percorrem as ruas com as informações sobre o
abastecimento de água em cada localidade.
Ações
O Comitê Hídrico, criado pelo
Governo em 2015, tem a atribuição de tomar medidas de curto, médio e longo
prazo para garantir água para a população. Na Grande Vitória, a Cesan reforçou
e impermeabilizou o enrocamento (blocos de pedras colocados uns sobre os
outros) no Rio Jucu para acumular mais água na área de captação da estação de
tratamento de Caçaroca. No Rio Santa Maria da Vitória, a água represada na
barragem de Rio Bonito serve para regular a vazão do rio e oferece condições
para captar o suficiente para o abastecimento.
Outra medida de curto prazo é a
construção do Sistema de Abastecimento de Água de Reis Magos, que está com 80%
das obras concluídas e deve entrar em operação até o fim do ano. Esse novo
sistema terá capacidade de tratar 500l/s de água para parte da Serra, retirando
a sobrecarga sobre o Rio Santa Maria da Vitória. No Rio Jucu, a Cesan está
realizando o projeto básico para construção de uma represa que irá armazenar 21
bilhões de litros de água, garantindo abastecimento por quatro meses sem chuva.
Por meio do Programa Estadual de
Construção de Barragens, a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag) irá
implantar ainda 60 novas barragens até o final de 2018 no interior do Estado.
Serão 34 de uso múltiplo de médio porte e outras 26 em assentamentos de
trabalhadores rurais capixabas. Além disso, também está dentro do Programa a
retomada da obra da barragem de Pinheiros e a construção da barragem do Jucu,
coordenada pela Cesan. Outras seis barragens de médio porte também serão
construídas em Alto Rio Novo, Pedro Canário, São Roque, Vila Pavão, Ecoporanga
e Barra de São Francisco, por meio de uma parceria entre os dois órgãos. Ao
todo serão investidos mais R$90 milhões para as 68 barragens.
Até o final de 2015, pelo
Programa Reflorestar, foram ainda atendidos mais de 1.800 produtores rurais em
73 dos 78 municípios capixabas, um investimento de R$ 28 milhões, o que está
permitindo iniciar a restauração florestal em pelo menos 6.000 hectares de
terras e reconhecer outros 6.000 hectares de florestas conservadas. Atualmente,
existem 4.300 produtores cadastrados no Reflorestar. A meta para 2016 é atender
mais 1.600 produtores rurais, o que deverá permitir iniciar a recuperação de
cerca de 4.600 hectares e investimentos da ordem de R$ 25 milhões.
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