Com quatro jornalistas mortos este ano, o Brasil é o segundo país do
mundo que mais matou esses profissionais em 2016, ficando atrás apenas do
México, que contabiliza 12 mortes, e empatado com o Iraque (4 mortes).
Até o dia de hoje (13), a organização Repórteres Sem Fronteiras
(Reporters Sans Frontieres - RSF) mapeou 47 mortes de jornalistas no mundo em
2016. A Síria contabiliza 7 mortes este ano; o Iêmen, cinco; a Líbia, três; e o
Afeganistão e a Somália, duas. Países como Ucrânia, Turquia, Sudão do Sul e
outros registraram uma morte.
A violência contra os jornalistas, a independência da mídia, o meio
ambiente e a autocensura, o enquadramento legal, a transparência, a
infraestrutura e a extorsão são critérios usados pela organização independente
RSF para determinar o Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa. O Brasil ocupa
a 104ª posição entre 180 países avaliados.
Publicado anualmente desde 2002, o ranking leva em conta o grau de
liberdade de que gozam os jornalistas, através de uma série de indicadores.
Segundo a RSF, a ausência de mecanismos de proteção nacional para
jornalistas em perigo, somada à corrupção desenfreada no país, tornam a tarefa
dos jornalistas ainda mais difícil. “O panorama da mídia continua altamente
concentrado, especialmente em torno de grandes famílias industriais, muitas
vezes perto da classe política”, avalia a organização.
Mortos 22 jornalistas no Brasil desde 2012
O Brasil já soma pelo menos 22 jornalistas assassinados por razões
diretamente relacionadas com o seu trabalho, desde os últimos Jogos Olímpicos
em 2012. Na maioria dos casos registrados pela RSF, os jornalistas,
radialistas, blogueiros e outros profissionais da mídia que foram assassinados
trabalhavam cobrindo e investigando temas relacionados à corrupção, à ordem pública
e ao crime organizado, em especial nas pequenas e médias cidades do país.
“Este aumento do número de assassinatos, perceptível a partir de 2010,
infelizmente não é a única ameaça iminente contra a integridade física dos
jornalistas. Os principais eventos de 2013 foram marcados por um clima de
violência generalizada. Repórteres que cobriam os protestos tornaram-se alvos
de rotina das forças de segurança, fisicamente atacados ou arbitrariamente
colocados sob custódia. Essa tendência continuou durante as manifestações que
acompanharam a Copa do Mundo realizada no país [Brasil] em 2014”, afirma a RSF.
De acordo com dados da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo), entre maio de 2013 e setembro de 2016 foram contabilizados 300
casos de agressões a jornalistas durante a cobertura das manifestações.
Policiais, guardas municipais, guardas legislativos e seguranças privados foram
responsáveis por 224 violações.
Além de agressões com cassetete, foram registrados casos de ataques com
bombas de gás, bombas de efeito moral, balas de borracha, spray de pimenta e
atropelamentos com viaturas e motocicletas. Também houve registros de ameaças,
destruição de equipamento e detenção. Além dos 224 ataques à imprensa
protagonizados por agentes de segurança, houve 75 ocasiões em que os agressores
foram manifestantes.
Polarização política reforça insegurança
Segundo a RSF, a forte polarização política do país também tem
contribuído para reforçar a insegurança dos jornalistas durante os protestos
nas ruas de grandes cidades, pois os profissionais são insultados por
manifestantes, que os associam diretamente às linhas editoriais dos principais
meios de comunicação que eles representam.
O Brasil, entre 2015 e 2016, caiu 5 posições no Ranking Mundial de
Liberdade de Imprensa, ficando na 104ª posição. A melhor colocação obtida na
série histórica aconteceu em 2002, quando o Brasil ficou em 54º colocado entre
134 países. Apesar da queda, o Brasil ficou melhor colocado que países como o
México (149ª), a Venezuela (139ª), a Colômbia (134ª) e o Paraguai (111ª).
A Finlândia foi o país melhor colocado do ranking, seguido por Países
Baixos, Noruega, Dinamarca e Nova Zelândia. Nos últimos lugares, estão a Síria,
na 177ª posição; seguida por Turcomenistão (178ª); Coreia do Norte (179ª); e
Eritreia (180ª).
A tendência apresentada pelo mapa este ano mostra um clima generalizado
de medo e tensão. Tendo em conta os índices regionais, a Europa continua a ser
a área onde a mídia é a mais livre. O Norte da África e o Oriente Médio
continuam a ser as regiões onde os jornalistas estão mais sujeitos à violência.
Agencia Brasil
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