
O
evento para assinatura do convênio foi realizado na manhã desta sexta-feira
(03), na reitoria da Ufes, e contou com a presença do secretário de Estado do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), Aladim Cerqueira, do secretário de
Estado da Saúde (Sesa), Ricardo de Oliveira), do diretor-presidente da Fapes,
José Antônio Bof Buffon, do reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte, e do
professor de Ciências Biológicas da Ufes, Sérgio Lucena.
De
acordo com o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado, Aladim
Cerqueira, este projeto pretende reunir um conjunto de informações que possa
ser tratado e analisado de forma adequada, visando contribuir para o
conhecimento dos processos biológicos e ambientais que favorecem ou até mesmo
condicionam o surgimento do surto de febre amarela.
“Considerando
que o evento está em curso na região de Mata Atlântica do Espírito Santo, a
intenção é aproveitar a oportunidade para coletar o máximo de informações
possíveis enquanto o surto não declina, já que esses eventos tendem a ser
rápidos, durando semanas ou poucos meses. A pesquisa, portanto, envolve a coleta
de informações sobre os primatas e mosquitos durante o período do surto, o
processamento genético das amostras e a modelagem e análises dos resultados”,
salientou o secretário.
O
secretário de Saúde, Ricardo de Oliveira, ressaltou a importância da pesquisa.
“Esta parceria é muito importante para toda a população do Estado. Este estudo
vai ajudar, pois vamos poder acompanhar a epizootia com muito mais eficiência
do que fazemos hoje. Nós vamos participar fornecendo todas as informações que a
Secretaria coletou e está coletando, não só de mortes de macacos. Também vamos
disponibilizar a infraestrutura do Laboratório Central, que vai fazer a
articulação com os laboratórios nacionais do Ministério da Saúde, porque alguns
exames laboratoriais não são feitos aqui. A nossa participação será bem ativa,
porque nos interessa muito em relação à proteção da saúde da população do
Estado. Na segunda parte do projeto, vamos organizar o acompanhamento do
monitoramento e também o estudo efetivo da contaminação do mosquito, visto que
precisamos saber se este surto vai embora ou vai permanecer aqui no Estado”,
disse Oliveira.
A
coordenação da pesquisa está a cargo do professor titular do Departamento de
Ciências Biológicas da Ufes, Sérgio Lucena. Ele tem graduação em Ciências
Biológicas pela Ufes, mestrado em Ecologia pela Universidade de Brasília e
doutorado também em Ecologia pela Universidade Estadual de Campinas.
Sérgio
Lucena explica que no passado ocorreram surtos de febre amarela urbana no país,
transmitidos pelo Aedes aegypti, mas essa forma foi erradicada, na década de
1940, por meio de vacinação, de obras de saneamento urbano e do controle do
vetor. “Todos os casos humanos registrados no Brasil têm a sua origem no ciclo
silvestre, ou seja, na área de mata. O mosquito infectado pica o ser humano,
desenvolvendo a virose. A morte de macacos em reservas naturais e fragmentos
florestais, tanto em Minas Gerais quanto no Espírito Santo, vem ocorrendo em
grande escala. Apesar das mortes atingirem principalmente os barbados, temos
confirmação de morte de outras espécies, como os suas (Callicebus), saguis
(Callithix), macacos-pregos (Sapajus) e evidências de que o muriqui-do-norte
(Brachyteles hypoxanthus), espécie criticamente em perigo de extinção, também
pode estar sendo afetada”.
O
pesquisador deixa claro que o objetivo principal é investigar aspectos
biológicos e ambientais relacionados à febre amarela silvestre, que está
atingindo a Mata Atlântica de diversos municípios do Espírito Santo, com
especial atenção à dispersão da doença na paisagem e sua relação com a morte de
primatas e infecção de mosquitos.
Objetivos
Os
objetivos específicos da pesquisa são:
-
Identificar localidades em que primatas estão morrendo, supostamente, pelo
vírus da febre amarela;
-
Coletar amostras de vísceras e carcaças de animais mortos com vistas à obtenção
de material biológico para teste de febre amarela, estudo de DNA, estudo
taxonômico e biogeográfico;
-
Monitorar as mortes de primatas nas unidades de conservação e nos seus
entornos;
-
Coletar mosquitos transmissores do vírus e enviar ao Instituto Evandro Chagas
para identificação e testes virais;
-
Implementar um sistema de informações geográficas e uma base de dados sobre o
avanço da morte de primatas;
-
Testar, por modelagem, as hipóteses sobre o surgimento e dispersão da virose no
território capixaba;
-
Investigar a presença do vírus e outros patógenos de interesse em sangue de
primatas capturados vivos;
-
Propor medidas preventivas e ações de conservação visando à recuperação das
populações de primatas afetadas pelo surto;
-
Contribuir para a difusão de informações que esclareçam à população sobre a
natureza desses eventos e a importância da preservação dos primatas.
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